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Diogo Schelp

Manifestantes anti-Dilma também foram chamados de "massa de manobra"

Diogo Schelp

15/05/2019 15h28

 

Protesto

Protesto em Campinhas, nesta quarta-feira 15. (Foto: Wagner Souza/Futura Press/Estadão Conteúdo)

O mundo dá voltas, camará.

O presidente Jair Bolsonaro mandou avisar, durante seu périplo para conquistar a Lua, que os participantes dos protestos contra os cortes na educação são "idiotas úteis" e estão sendo usados como "massa de manobra".

Em 2015, quando a esquerda procurou entender as centenas de milhares de pessoas que naquele ano se manifestaram pelo impeachment de Dilma Rousseff, essa expressão também foi usada. Era a "massa de manobra da direita".

É evidente que quem está hoje nas ruas para defender os investimentos em educação encontrará militantes gritando "Lula livre" e empunhando cartazes contra a reforma da Previdência. Assim como havia defensores da intervenção militar em meio aos manifestantes anticorrupção durante o governo Dilma.

Movimentos populares são fluidos. Vale lembrar que os protestos contra Dilma tiveram como embrião as jornadas de junho de 2013, que começaram com uma pauta contrária ao aumento nas tarifas de transporte público e acabaram "sequestradas" por outras causas. Deu no que deu.

Desqualificar os anseios de pessoas sem filiação partidária (sim, há muitas) que estão se manifestando contra os cortes em educação não é uma tática muito sábia para um presidente com popularidade em queda.

Sobre o Autor

Diogo Schelp é jornalista com 20 anos de experiência. Foi editor executivo da revista VEJA e redator-chefe da ISTOÉ. Durante 14 anos, dedicou-se principalmente à cobertura e à análise de temas internacionais e de diplomacia. Fez reportagens em quase duas dezenas de países. Entre os assuntos investigados nessas viagens destacam-se o endurecimento do regime de Vladimir Putin, na Rússia, o narcotráfico no México, a violência e a crise econômica na Venezuela, o genocídio em Darfur, no Sudão, o radicalismo islâmico na Tunísia e o conflito árabe-israelense. É coautor dos livros “Correspondente de Guerra” (Editora Contexto, com André Liohn) e “No Teto do Mundo” (Editora Leya, com Rodrigo Raineri).

Sobre o Blog

“O que mantém a humanidade viva?”, perguntava-se o dramaturgo alemão Bertolt Brecht. Essa é a pergunta que motiva esse blog a desembaraçar o noticiário internacional – e o nacional, também, quando for pertinente – e a lançar luz sobre fatos e conexões que não receberam a atenção devida. Esse é um blog que quer surpreender, escrito por alguém que gosta de ser surpreendido.