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Diogo Schelp

Fabiola Yáñez, 'candidata' a primeira-dama da Argentina que fala português

Diogo Schelp

21/05/2019 16h04

Fabiola Yáñez

O casal Alberto Fernández e Fabiola Yáñez (Foto: Instagram)

Evita Perón, Isabelita Perón, Cristina Kirchner. A história da Argentina é repleta de primeiras-damas que assumiram um papel de destaque na política. Eva Perón, mulher de Juan Domingo Perón (1946-1955 e 1973-1974), nunca ocupou um cargo político, mas tinha voz própria no governo populista do marido, simbolizando o vínculo direto com o povo até melhor do que o próprio presidente. Morreu aos 33 anos, pouco depois de Perón ser reeleito, e é adorada até hoje. Isabel, a terceira mulher de Perón, exerceu o cargo de vice-presidente no segundo governo de seu marido. Quando ele morreu, em 1974, ela assumiu a presidência e permaneceu no cargo até 1976, quando foi afastada em um golpe militar e enviada para o exílio na Espanha. Quanto a Cristina Kirchner, cumpriu dois mandatos presidenciais, mais do que o seu antecessor e falecido marido, Néstor Kirchner, que exerceu só um.

Com esse histórico, não espanta que os argentinos estejam tão obcecados em saber tudo sobre Fabiola Yáñez, mulher de Alberto Fernández, pré-candidato à presidência da Argentina na chapa que terá Cristina Kirchner como vice. Fabiola é apresentada pela imprensa do país como namorada de Fernández, mas a realidade é que os dois já moram juntos em um apartamento no bairro de Puerto Madero, em Buenos Aires — junto com o collie Dylan, que eles adotaram em 2016.

Casal

Alberto Fernández e Fabiola Yáñez (Foto: Instagram)

Fabiola tem 38 anos, é formada em Jornalismo pela Universidade de Palermo e também estudou teatro. Atuou em diversos programas de televisão, como produtora e apresentadora, e foi modelo de uma marca de biquini. Fala inglês e português. Atualmente, integra o programa "Incorrectas", comandado por Moria Casán, uma espécie de Dercy Gonçalves da Argentina.

No ano passado, Fabiola uniu-se a outras mulheres do entretenimento argentino para denunciar o humorista Fabián Gianola por assédio sexual. "Ele ultrapassava o limite do colega e do amigo", disse ela. "Ele fazia eu me sentir mal e incomodada."

Se Alberto Fernández, de 60 anos, vencer as eleições, Fabiola vai substituir a elegante executiva do setor têxtil Juliana Awada, mulher do atual presidente Mauricio Macri, no posto de primeira-dama.

Awada

Juliana Awada e Mauricio Macri (Foto: Eitan Abramovich/AFP)

Quando for pedir voto para o marido, Fabiola vai ter de começar pela sua companheira de TV, Moria Casán: recentemente, a apresentadora disse que a Argentina precisava ter na presidência um "militar, como Bolsonaro".

Evita Perón, Isabelita Perón, Cristina Kirchner. "Como seria a primeira-dama Fabiola Yáñez?", perguntam-se os argentinos.

 

Sobre o Autor

Diogo Schelp é jornalista com 20 anos de experiência. Foi editor executivo da revista VEJA e redator-chefe da ISTOÉ. Durante 14 anos, dedicou-se principalmente à cobertura e à análise de temas internacionais e de diplomacia. Fez reportagens em quase duas dezenas de países. Entre os assuntos investigados nessas viagens destacam-se o endurecimento do regime de Vladimir Putin, na Rússia, o narcotráfico no México, a violência e a crise econômica na Venezuela, o genocídio em Darfur, no Sudão, o radicalismo islâmico na Tunísia e o conflito árabe-israelense. É coautor dos livros “Correspondente de Guerra” (Editora Contexto, com André Liohn) e “No Teto do Mundo” (Editora Leya, com Rodrigo Raineri).

Sobre o Blog

“O que mantém a humanidade viva?”, perguntava-se o dramaturgo alemão Bertolt Brecht. Essa é a pergunta que motiva esse blog a desembaraçar o noticiário internacional – e o nacional, também, quando for pertinente – e a lançar luz sobre fatos e conexões que não receberam a atenção devida. Esse é um blog que quer surpreender, escrito por alguém que gosta de ser surpreendido.