Como o Brasil pode se beneficiar de ameaça feita pela China aos EUA
O governo chinês costuma usar a imprensa estatal para passar recados para o mundo que não podem ser dados via diplomacia oficial. O último foi a ameaça de deixar os Estados Unidos sem acesso às terras raras, minerais essenciais para a fabricação de equipamentos de alta tecnologia, de smartphones a carros elétricos, passando por turbinas eólicas e aparelhos militares. A China tem a maior reserva de terras raras do mundo e atende 80% da demanda dos Estados Unidos por esses elementos químicos (são 17, que vão do latânio ao lutécio).
A ameaça de fechar a torneira da exportação de terras raras para os Estados Unidos é uma resposta à elevação de tarifas aos produtos chineses por decisão do presidente Donald Trump e ao boicote do governo americano à Huawei, uma empresa chinesa de tecnologia. Sem as terras raras, a indústria de tecnologia americana sofreria um grande baque.
Ocorre que o Brasil tem a segunda maior reserva de terras raras do mundo e possui grande potencial para reduzir a dependência mundial da produção chinesa. Segundo artigo publicado na revista In the Mine em fevereiro de 2018, estima-se que o Brasil possua 16% das reservas mundiais de terras raras. Há estudos para a localização e futura exploração de terras raras e outros minerais nas profundezas do mar, ao alcance do litoral brasileiro. Estima-se que no fundo do Oceano Atlântico existam grandes reservas de terras raras pesadas, as mais valiosas do grupo.
O problema é que o país está atrasado na exploração desses minerais. Seria preciso investir mais em pesquisas e criar uma cadeia de valor. Foi o que a China fez. Além disso, o país asiático praticamente obriga as empresas estrangeiras de tecnologia a se instalar por lá para ter acesso a suas terras raras, que existem em alta concentração na mina de Bayan Obo, a maior do mundo. Em 2010, a China chegou a cortar temporariamente a exportação de terras raras para o Japão, por causa de uma tensão causada por uma disputa territorial.
Os países com as maiores indústrias de alta tecnologia, o que inclui os Estados Unidos e a Europa, enxergam grande vantagem estratégica em ter outros fornecedores de terras raras à mão para escapar das chantagens chinesas. Com os incentivos corretos e parcerias externas, o Brasil está bem posicionado para ocupar esse papel.
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