Quatro ministros estrangeiros que pediram demissão por muito menos
Enquanto o presidente Jair Bolsonaro tenta ganhar tempo na crise envolvendo o seu ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, acusado de parcialidade e de conversas nada republicanas com os procuradores da Lava Jato no período em que era juiz do caso, vale relembrar as histórias de ministros de outros países que pediram demissão por muito menos:
- Em abril deste ano, Yoshitaka Sakurada, ministro da Olimpíada do Japão, pediu demissão depois de fazer comentários considerados ofensivos às vítimas do tsunami de 2011. Em um evento para arrecadação de doações para o seu partido, ele disse que apoiar o candidato da região para o parlamento era mais importante do que garantir a revitalização econômica dos locais afetados pela tragédia. Além de pedir desculpas, pediu para sair.
- Em janeiro de 2018, Michael Bates, então ministro do Desenvolvimento Internacional do Reino Unido, colocou o cargo à disposição por ter chegado 2 minutos atrasado a uma sessão do Parlamento na qual deveria responder a perguntas sobre sua pasta. "Estou envergonhado", disse ele. A primeira-ministra Theresa May não aceitou o pedido de demissão.
- Imagine se fosse no Brasil: em agosto de 2018, Clare Curran, ministra das Comunicações da Nova Zelândia, renunciou ao cargo por ter se encontrado extraoficialmente com um empresário que tinha interesse em se candidatar a um posto no segundo escalão do ministério. Na Nova Zelândia, o preenchimento dos cargos públicos obedece a regras de recrutamento que procuram evitar o favorecimento a amigos, com foco no mérito. Curran deveria ter incluído a reunião com o candidato à vaga em sua agenda oficial.
- Em 2011, Karl-Theodor zu Guttenberg, ministro da Defesa da Alemanha e na época o integrante mais popular do governo da chanceler Angela Merkel, pediu demissão depois que se descobriu que, quatro anos antes, ele usou trechos de outros autores em sua tese de doutorado sem dar o devido crédito. Dois anos depois desse episódio, mais uma ministra alemã, dessa vez da Educação, pediu demissão depois de ser acusada de plágio no doutorado. Ela discordava da denúncia, mas afirmou que era melhor defender-se dela fora do cargo.
Em nenhum dos casos acima citados houve prejuízo aos cofres públicos, mas os ocupantes dos ministérios sentiram que haviam cometido erros que feriam a transparência, a dignidade e a credibilidade que seus cargos exigiam.
(Um leitor apontou um deslize em uma versão anterior deste artigo. Eu havia escrito que Moro estava sendo acusado de "imparcialidade". Se fosse esse o caso, não haveria crise alguma.)
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