Macristas denunciam fraude em digitalização de voto por empresa venezuelana
A hashtag #FraudeK é uma das mais populares no Twitter argentino por esses dias. Perfis macristas afirmam que nas seções eleitorais em que votaram nas eleições prévias para presidente da Argentina, neste domingo (11), não foi contabilizado nenhum voto em Mauricio Macri. Os resultados gerais foram muito diferentes do que apontaram todas as pesquisas eleitorais. A suspeita recai sobre a Smartmatic, empresa de origem venezuelana, atualmente com sede em Londres, na Inglaterra, responsável pelo sistema de contagem eletrônica dos votos. O governo rapidamente tratou de descartar a possibilidade de fraude. A ironia da história é que, antes das prévias, quem colocou em dúvida a lisura do processo foi a Frente de Todos, a coligação de oposição que tem como candidato presidencial Alberto Fernández, na chapa com Cristina Kirchner como vice.
Pois é. Cinco dias antes da votação em que saíram vitoriosos com larga margem, os kirchneristas pediram junto à Justiça Eleitoral, sem sucesso, a suspensão do uso do sistema de processamento e de transmissão de dados fornecidos pela Smartmatic, argumentando vulnerabilidades nos softwares. Na Argentina, o voto é depositado em papel em uma urna convencional. Após o encerramento da votação, cada presidente de mesa eleitoral abre as urnas e faz a contagem, cujo resultado é transcrito em dois documentos. A Smartmatic é responsável por digitalizar, totalizar e transmitir os dados de um desses documentos, o chamado "telegrama", com o intuito de produzir uma contagem mais ágil da votação em nível nacional.
Durante 22 anos, esse trabalho ficou a cargo de uma empresa espanhola, Indra. Este ano, a Smartmatic venceu a licitação. É no mínimo curioso que a empresa tenha assumido o processo justo durante o governo de Mauricio Macri, que faz parte do eixo antichavista da América do Sul. Afinal, a Smartmatic, que já atuou em eleições brasileiras nos governos do PT, tem um histórico polêmico. Criada em 2000, nos Estados Unidos, por empresários venezuelanos, a empresa só decolou a partir de 2003 quando passou a ter participação de uma empresa de telefonia da qual o Estado venezuelano era acionista minoritário. Desde então, a empresa atuou em catorze eleições venezuelanas, a maioria delas contestadas pela oposição e por observadores eleitorais.
Em 2017, porém, nas eleições para a Assembleia Nacional Constituinte da Venezuela, a própria Smartmatic denunciou que o número de eleitores divulgado havia sido manipulado pela autoridade eleitoral venezuelana. Um rompimento com o chavismo? Talvez não. Desde que vazou dados pessoais de eleitores que votaram por encerrar o mandato de Hugo Chávez, em 2004, o regime chavista sempre usou a dúvida sobre a lisura e o caráter secreto do voto na Venezuela como uma forma de pressionar opositores. Acredita-se que a denúncia de 2017 tenha sido um movimento da Smartmatic para comprovar a própria idoneidade e seguir ganhando licitações para participar de processos eleitorais de outros países.
Uma empresa de origem chavista a cargo das eleições argentinas em que devem ganhar os antigos aliados kirchneristas do chavismo. É um prato cheio para teorias conspiratórias.
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