Apoiadores pedem que ex-presidente vá para prisão domiciliar... na Armênia
Cada um com sua prioridade. Enquanto o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva se recusa a trocar a sala da Polícia Federal em Curitiba, onde está preso desde abril de 2018, pelo regime semiaberto, o ex-presidente armênio Robert Kocharian recebe o apoio de correligionários que exigem sua transferência para a prisão domiciliar.
Robert Kocharian, presidente entre 1998 e 2008, foi preso pela primeira vez alguns meses depois de Lula, em julho de 2018. Desde então, entra e sai da cadeia, enquanto responde a um processo por "rompimento da ordem constitucional" quando estava no poder.
Sua mais recente detenção ocorreu em junho deste ano. Na semana passada, um juiz recusou novo pedido de soltura. Do lado de fora do tribunal, centenas de manifestantes a favor de Kocharian pediam que ele fosse transferido para prisão domiciliar.
Faroeste político
A Armênia é uma ex-república soviética do Cáucaso. Uma realidade completamente diferente da brasileira, certo? Bem, há algumas semelhanças. Desde o início da década de 90, o país percorre uma difícil trajetória para consolidar um sistema democrático, em meio à corrupção endêmica e à presença de líderes truculentos.
Lá, também, há um ímpeto de se resolver questões políticas à bala. Rodrigo Janot se sentiria à vontade.
Uma das acusações que se faz a Kocharian é que ele esteve por trás de um tiroteio ocorrido no parlamento em 1999 que levou à morte do primeiro-ministro Vazgen Sarkisyan, do presidente da casa, de um ministro e de outros cinco políticos. Além disso, Alexander Litvinenko, o ex-espião russo que foi assassinado por envenenamento de polônio na Inglaterra, em 2006, denunciou também o envolvimento de Moscou no atentado ao parlamento armênio.
O presidente russo Vladimir Putin é um grande aliado de Kocharian. Em agosto deste ano, quando Kocharian completou seus 65 anos de vida na prisão, Putin fez questão de enviar suas felicitações pessoais ao aniversariante.
Massacre em protesto
Mas Kochorian não está preso pelo suposto assassinato de seus desafetos políticos em meio a uma sessão no parlamento (foi ele quem negociou com os atiradores, que mantiveram cerca de 30 reféns dentro do prédio), mas por causa da repressão a protestos populares que levaram à morte de dez cidadãos em 2008, no final da sua gestão.
Em outro episódio de sua biografia, dois de seus guarda-costas mataram um homem a pauladas em um restaurante na capital Erevã.
Em janeiro deste ano, Kochorian lançou sua autobiografia. Nela, faz críticas ao atual primeiro-ministro armênio, o jornalista Nikol Pashinian — um dos incentivadores dos protestos de 2008 e, dez anos depois, em 2018, das manifestações que levaram à renúncia do primeiro-ministro Serzh Sargsyan, um aliado de Putin e de Kochorian.
Kochorian, mesmo preso, segue tentando influenciar a política nacional. Seu equivalente brasileiro, também. A diferença é que Kochorian prefere fazer isso do conforto de sua casa.
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