Visão extrativista de Bolsonaro para o Brasil destoa do espírito do fórum
De Riade*
Em seu discurso no fórum realizado na manhã desta quarta-feira (30), em Riade, na Arábia Saudita, o presidente Jair Bolsonaro assumiu como objetivo mostrar aos investidores ali reunidos por que o Brasil é merecedor de receber dinheiro externo.
As oportunidades que o país apresenta, na visão de Bolsonaro, restringem-se quase inteiramente a atividades extrativistas e agrárias. À parte as referências à vocação do Brasil para produzir comida e para o turismo, ele focou seu discurso nas riquezas minerais, convidando os presentes a buscar parcerias para explorar nióbio, terras raras, grafite e petróleo.
A tônica da fala de Bolsonaro destoou do espírito do fórum. Minutos antes, em um painel sobre o futuro da energia, os debatedores estavam falando da necessidade de usar os recursos dos combustíveis fósseis para investir pesadamente em robótica e em novas tecnologias de energia limpa.
A visão de Bolsonaro para a economia brasileira também destoa da visão que o seu anfitrião, o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, tem para a Arábia Saudita. Seu plano para o futuro do país, que ganhou o nome de Vision 2030, reside basicamente em diversificar a economia saudita para diminuir a dependência do petróleo.
Enquanto o mundo discute inteligência artificial e outros negócios do futuro, Bolsonaro quer entrar na Opep, a organização mundial dos exportadores de petróleo, cujo auge de influência já ficou no passado.
Não espanta que os aplausos tenham sido tão tímidos.
* O jornalista viajou a convite do governo da Arábia Saudita.
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