Prestes a anunciar IPO, petrolífera saudita mostra instalações bombardeadas
Um dia antes do possível lançamento da oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) da petrolífera estatal Aramco, a empresa mais lucrativa do mundo, que deve ocorrer neste domingo (3), o governo saudita levou um grupo de jornalistas estrangeiros, entre os quais a reportagem do UOL, para conhecer as instalações que foram bombardeadas por drones em setembro deste ano.
O esforço de relações públicas tem dois objetivos principais. Primeiro, convencer a comunidade internacional de que o ataque foi feito pelo Irã, e não por seus aliados do Iêmen, a milícia huti, que assumiu a responsabilidade pelo bombardeio.
O Guerra Civil do Iêmen, iniciada em 2015, opõe os hutis às forças do presidente Abdrabbuh Mansour Hadi e à Arábia Saudita, que vem usando sua Força Aérea para bombardear as áreas dominadas pelos rebeldes.
O segundo objetivo é mostrar aos potenciais interessados no IPO da Aramco que as atividades da empresa estão seguras apesar dos recentes bombardeios e do conflito com o Irã. Afinal, o ataque de setembro, que atingiu duas usinas de processamento de petróleo cru, Khurais e Abqaiq, derrubou pela metade a produção de petróleo saudita.
Durante a visita às instalações, os funcionários da empresa petrolífera faziam questão de repetir que o funcionamento dos dois campos foi retomado em questão de poucos dias, atribuindo isso aos fartos investimentos em infraestrutura realizados nos últimos anos e à rápida resposta da equipe de emergência na contenção do incêndio causado pelos drones.
O ataque às usinas foi realizado com drones-suicidas, ou seja, veículos aéreos não tripulados (VANs) armados com uma bomba que são programados para "cair" sobre um alvo pré-determinado.
Dezoito drones foram lançados contra a usina de Abqaiq — a maior do mundo, que pode processar 5 milhões de barris de petróleo por dia — e sete contra a de Khurais — cuja capacidade é de 1,5 milhão de barris por dia.
Uma das evidências apresentadas pelo Ministério da Defesa saudita para comprovar a versão de que o ataque foi feito pelo Irã é a de que os drones usados não têm autonomia para viajar da região dominada pelos hutis, no sul do Iêmen, até as usinas, que ficam mais de 1000 quilômetros ao norte, perto do Golfo Pérsico.
O príncipe herdeiro Mohammed bin Salman pretendia anunciar o IPO em outubro, mas os ataques forçaram-no a adiar seus planos. Há, também, uma questão de expectativas frustradas. Bin Salman queria que a Aramco fosse avaliada em 2 trilhões de dólares, mas os especialistas acreditam que ele deveria ficar contente com 1,5 trilhão de dólares.
Inicialmente, a empresa será lista na bolsa saudita, e posteriormente, talvez no ano que vem, no exterior. Bin Salman pretende oferecer até 5% das ações no IPO.
De qualquer forma, se de fato ocorrer, será a maior oferta pública da história.
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