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Diogo Schelp

Hamas já se explodiu 276 vezes

Diogo Schelp

03/04/2019 11h02

REEM AL REYASHI

A palestina Reem Al Reyashi, mãe de dois filhos, explodiu-se em Gaza matando 4 isralenses, em 2004 (Foto: Hamas)

"Quero que vocês se explodam!", escreveu o senador e filho de presidente Flavio Bolsonaro (PSL-RJ) ontem, dia 2, no Twitter. Ele se referia ao Hamas, grupo palestino que comanda a Faixa de Gaza e criticou a visita de Jair Bolsonaro a Israel.

Mas eles já se explodiram ou explodiram outras pessoas à distância tantas vezes, senador. Mais precisamente 276 vezes desde 1988. Isso equivale a uma média de quase 9 atentados a bomba por ano ao longo de três décadas.

Os dados foram compilados pela Global Terrorism Database, uma iniciativa da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos.

Ao todo, foram atribuídos 440 ataques ao Hamas ou grupos coligados. A explosão é o método preferido do grupo palestino para espalhar o terror, seguido pelos ataques armados (127) e pelos assassinatos (27). Em quarto lugar vêm os sequestros (19). (Mais de um método pode ter sido usado em um mesmo ataque.)

Duzentos dos atentados do Hamas provocaram entre 1 e 10 mortes. Outros 28 ataques mataram entre 11 e 50 pessoas.

O último atentado do Hamas contra um alvo civil aconteceu em abril de 2017 e matou 3 pessoas em Jerusalém.

Eles já se explodem, senador. E isso não é algo que se deva desejar.

Sobre o Autor

Diogo Schelp é jornalista com 20 anos de experiência. Foi editor executivo da revista VEJA e redator-chefe da ISTOÉ. Durante 14 anos, dedicou-se principalmente à cobertura e à análise de temas internacionais e de diplomacia. Fez reportagens em quase duas dezenas de países. Entre os assuntos investigados nessas viagens destacam-se o endurecimento do regime de Vladimir Putin, na Rússia, o narcotráfico no México, a violência e a crise econômica na Venezuela, o genocídio em Darfur, no Sudão, o radicalismo islâmico na Tunísia e o conflito árabe-israelense. É coautor dos livros “Correspondente de Guerra” (Editora Contexto, com André Liohn) e “No Teto do Mundo” (Editora Leya, com Rodrigo Raineri).

Sobre o Blog

“O que mantém a humanidade viva?”, perguntava-se o dramaturgo alemão Bertolt Brecht. Essa é a pergunta que motiva esse blog a desembaraçar o noticiário internacional – e o nacional, também, quando for pertinente – e a lançar luz sobre fatos e conexões que não receberam a atenção devida. Esse é um blog que quer surpreender, escrito por alguém que gosta de ser surpreendido.