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Diogo Schelp

Minoria cristã do Sri Lanka sofre discriminação de muçulmanos e budistas

Diogo Schelp

21/04/2019 13h33

Monges

Monges budistas em frente a uma das igrejas atacadas em Colombo, Sri Lanka, em 21 de abril de 2019. (REUTERS/Dinuka Liyanawatte)

Os brutais ataques terroristas que mataram mais de duas centenas de pessoas no Sri Lanka, neste domingo de Páscoa, tiveram como alvo principalmente hotéis frequentados por estrangeiros e igrejas. As táticas e os locais dos ataques coincidem com o histórico do terrorismo islâmico em todo o mundo, em especial pelo uso de homens-bomba. O governo do Sri Lanka, porém, ainda não divulgou o perfil dos suspeitos presos, deixando no ar qual seria a motivação dos ataques.

A violência sectária não é novidade no país, que viveu uma guerra civil encerrada há dez anos. De vez em quando, estouram pequenos focos de conflitos entre budistas e muçulmanos. O mais recente foi em março de 2018, quando boatos espalhados pelas redes sociais levaram budistas a atacar muçulmanos, que representam 10% da população.

A minoria cristã, que representa 6% da população, sofre perseguição tanto por parte da maioria budista quanto de muçulmanos. Mas, segundo a organização Portas Abertas (Open Doors), que atua na defesa da liberdade religiosa de cristãos, os maiores responsáveis pela discriminação de cristãos são grupos extremistas budistas. "Cristãos são retratados de maneira negativa na imprensa, e histórias falsas levam a ataques violentos contra os fiéis. Quem persegue cristãos raramente é punido." Este ano, monges budistas invadiram uma igreja com o intuito de interromper a missa. No ano passado, segundo uma associação de igrejas evangélicas local, foram registrados 86 casos de discriminação, ameaças e violência contra cristãos.

Os brasileiros estão acostumados a ver o budismo como uma crença intrinsecamente pacífica. Mas a contradição acompanha o ser humano, que frequentemente age de maneira contrária aos preceitos que prega, em qualquer lugar do mundo.

Sobre o Autor

Diogo Schelp é jornalista com 20 anos de experiência. Foi editor executivo da revista VEJA e redator-chefe da ISTOÉ. Durante 14 anos, dedicou-se principalmente à cobertura e à análise de temas internacionais e de diplomacia. Fez reportagens em quase duas dezenas de países. Entre os assuntos investigados nessas viagens destacam-se o endurecimento do regime de Vladimir Putin, na Rússia, o narcotráfico no México, a violência e a crise econômica na Venezuela, o genocídio em Darfur, no Sudão, o radicalismo islâmico na Tunísia e o conflito árabe-israelense. É coautor dos livros “Correspondente de Guerra” (Editora Contexto, com André Liohn) e “No Teto do Mundo” (Editora Leya, com Rodrigo Raineri).

Sobre o Blog

“O que mantém a humanidade viva?”, perguntava-se o dramaturgo alemão Bertolt Brecht. Essa é a pergunta que motiva esse blog a desembaraçar o noticiário internacional – e o nacional, também, quando for pertinente – e a lançar luz sobre fatos e conexões que não receberam a atenção devida. Esse é um blog que quer surpreender, escrito por alguém que gosta de ser surpreendido.