Retrato do Colapso, óleo sobre cédula
Nas ruas de Bogotá, na Colômbia, um casal de imigrantes venezuelanos pinta retratos de celebridades, bandidos famosos e figuras históricas feitos sobre cédulas de bolívar, o dinheiro venezuelano que nada vale. Zeros cortados, criptomoeda governamental, câmbio oficial mais vantajoso que o paralelo. A paleta inteira de medidas monetárias extravagantes, conhecidas e não conhecidas, já foram adotadas pelo governo para tapar o sol escaldante da inflação.
Em agosto do ano passado, o governo de Nicolás Maduro substituiu o bolívar pelo bolívar soberano. Não adiantou. Começou com 1 dólar valendo cerca de 60 bolívares soberanos. Na quarta-feira desta semana, dia 15, chegou a 5.652,97. Em março, o salário mínimo mensal não permitia sequer comprar um McLanche Feliz. O governo, com um canetaço, dobrou o valor do mínimo. Já dá para comprar o McLanche Feliz. Mas não para ser feliz.
Os venezuelanos podem rasgar dinheiro que não serão chamados de loucos (uma nota de 2 bolívares vale quanto, mesmo?). Loucos são chamados aqueles que podem, mas não saem do país. Até o fim de 2019, mais de 5 milhões de venezuelanos terão emigrado — uma conta que começou em 2015.
Pudera. Nove em dez venezuelanos vivem abaixo da linha da pobreza. Economistas consultados pelo jornal americano The New York Times dizem que o colapso do país só tem equivalente em países em guerra.
Quem vai pintar a Guernica venezuelana?
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