Cinco crianças morrem na fila do transplante de medula em maio na Venezuela
A ditadura venezuelana mata seu povo de muitas formas. Algumas delas têm como vítimas crianças, entre as quais as cinco que morreram este mês no país por falta de transplante de medula óssea — duas delas nas últimas 48 horas.
"Não quero morrer. Quero crescer e ser bombeiro", disse Roberth Redondo, de sete anos, à sua mãe, antes de ter uma recaída e ser levado às pressas para o hospital, onde entrou para a estatística das vítimas da negligência do regime. Não foi uma surpresa. Sua morte, assim como a das outras cinco crianças (as que morreram esta semana foram Yoider Carrera, de dois anos, e Erick Altuve, de 11 anos), era mais do que anunciada. A leucemia infantil tem cura, principalmente quando o tratamento é feito com celeridade.
Em abril, duas ONGs que defendem os direitos das crianças na Venezuela alertaram que havia 30 crianças na fila do transplante de medula, 20 delas com urgência. Entre os pacientes há crianças com aplasia medular, anemia grave, talassemia maior e leucemia. O programa de transplantes foi suspenso no ano passado, porém, porque o governo parou de direcionar recursos para ele.
Por uma dessas circunstâncias bizarras do sistema venezuelano, o programa era financiado pela estatal venezuelana de petróleo, a PDVSA, que alega falta de dinheiro por causa das sanções americanas. Trata-se de mais uma mentira do regime. Primeiro, porque as sanções contra o petróleo venezuelano começaram a ser impostas este ano, não em 2018. Segundo, porque a Venezuela tem a gasolina mais barata do mundo, subsidiada. Terceiro, porque o governo continua tendo dinheiro para comprar armas. Em entrevista em janeiro deste ano para uma agência de notícias russa, Nicolás Maduro disse que segue recebendo equipamento militar de alto nível de Moscou. É uma questão de prioridade. Maduro prefere comprar armas russas a salvar crianças com câncer.
As outras crianças mortas na fila do transplante este mês no Hospital Infantil José Manuel del Ríos, em Caracas, foram Yeiderberth Requena, de 8 anos, no dia 25, e Giovanni Figuera, de 6 anos, no dia 6. Huníades Urbina, presidente da Sociedade Venezuelana de Puerilcultura e Pediatria e ex-presidente do hospital, disse ao site venezuelano La Patilla que há dez anos vem denunciando a deterioração progressiva do centro infantil de transplantes por falta de verbas governamentais. O aparelho de raio-X está há três anos sem funcionar. O hospital também tem pacientes à espera de transplante de rim, mas apenas sete das 14 máquinas de diálise estão funcionando. Os transplantes renais estão suspensos há três anos.
O Hospital Infantil José Manuel del Ríos já foi um centro de referência em transplantes na região. Atualmente, sofre com o colapso de todo o sistema de saúde venezuelano. As famílias venezuelanas que não possuem dinheiro para pagar tratamentos médicos fora do país não têm para onde correr. Afinal, nem aqueles que já foram os melhores hospitais da capital conseguem atendê-las. A ditadura chavista está matando-as de muitas formas.
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