Britânicos mostram que polarização favorece a direita, mas não a esquerda
Nas eleições gerais realizadas nesta quinta-feira (12), no Reino Unido, o Partido Trabalhista, liderado por Jeremy Corbyn, sofreu sua maior derrota no parlamento desde 1935. Graças a uma mudança nas regras da legenda há alguns anos, que permitiu a todos os filiados participar da votação interna, a ala mais centrista do partido perdeu força para os radicais de esquerda.
Ou seja, o Partido Trabalhista britânico foi para o extremo esquerdo do espectro político. O problema é que, nas urnas, isso provou-se um suicídio. A rejeição de Jeremy Corbyn era enorme, abrangendo 59% dos eleitores.
Isso, somado ao carisma do premiê Boris Johnson e ao fato de que o Brexit (a saída do país da União Europeia) de fato reflete a vontade da maioria dos britânicos, foi o que empurrou o Partido Conservador para a vitória.
Os conservadores também passaram por um processo de polarização interna. Há poucos meses, Johnson — quando defendia uma versão dura do Brexit, sem acordo com a União Europeia — promoveu um expurgo de parlamentares conservadores mais moderados, que vinham se opondo aos seus planos. Mais de duas dezenas deles foram expulsos do partido por Johnson, inclusive o neto do ex-premiê Winston Churchill.
(No fim das contas, o Brexit que Johnson vai conseguir entregar é muito parecido com o que foi negociado por sua antecessora, Theresa May.)
Bom para um, mas não para o outro
O fato é que, para os conservadores, ao contrário dos trabalhistas, a polarização interna foi benéfica do ponto de vista do sucesso eleitoral.
Como observou a revista The Economist, os trabalhistas venceram três eleições sob Tony Blair, um moderado, e depois perdeu três sob lideranças mais à esquerda.
Fazendo a ressalva de que estamos falando de realidades políticas muito distintas, é interessante fazer o exercício de imaginar se esse fenômeno pode se provar verdadeiro também no Brasil.
Quem terá mais sucesso em enfrentar a direita brasileira nos próximos pleitos? O extremo oposto ou um projeto político mais moderado, de centro?
A eleição de Jair Bolsonaro à presidência foi interpretada como parte de um fenômeno global de ascensão de uma direita de viés populista, na qual se inclui Johnson. Pode ser útil olhar para o exemplo britânico e tirar algumas lições para o Brasil.
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