Revista alemã 'Der Spiegel' recomenda não comprar carne e soja do Brasil

A capa da revista Der Spiegel e a imagem do seu correspondente na América Latina que foi publicada no editorial (Imagem: Montagem/ Reprodução)
A revista semanal Der Spiegel, a mais influente da Alemanha, traz em sua mais recente edição, com data de 31 de agosto, uma reportagem de capa sobre a agonia das florestas ao redor do mundo — tendo como "gancho" e foco, claro, as queimadas na Amazônia brasileira.
"Ainda temos salvação? Quanta floresta o ser humano precisa para sobreviver". Esses são o título e o subtítulo da edição. A revista estima que há, no mundo, uma média de 400 árvores por habitante. No pacote de reportagens, há informações sobre a importância das florestas para o clima e uma avaliação dos riscos que as áreas verdes da própria Alemanha enfrentam por causa da seca que já dura meses.
Para descrever a situação da Amazônia, a Der Spiegel enviou para Porto Velho (RO) seu correspondente para a América Latina, Jens Glüsing. O jornalista relatou não ter visto nenhum dos militares enviados pelo presidente Bolsonaro para apagar as queimadas.
Na versão online, a revista traz uma matéria com dicas do que os alemães podem fazer para combater as queimadas da Amazônia à distância ("o Brasil fica muito longe"). O título é bem direto: "O que você pode fazer contra o fogo no Brasil".
Entre as sugestões da reportagem está:
- Comprar apenas papel ecológico ou reciclado, pois parte do desmatamento teria por objetivo produzir matéria-prima para a indústria de papel e celulose;
- Comprar apenas madeira certificada;
- Reduzir o consumo de carne ou privilegiar produtos locais, pois "o Brasil é o maior exportador de carne do mundo". A revista também registra que a maior parte da carne brasileira vai para a Ásia, mas que as exportações para a Europa aumentaram;
- Mesmo ao comprar carne alemã, privilegiar produtos orgânicos ou com selo ecológico, pois o gado local é alimentado com soja brasileira, ainda que a produção do grão em áreas desmatadas tenha diminuído no Brasil, como a própria revista reconhece.
A reportagem cita os argumentos de Annalena Baerbock, presidente do Partido Verde alemão, para pressionar pela suspensão das importações de carne e soja de regiões de desmate no Brasil. "Não podemos continuar importando carne e soja dessas áreas devastadas, caso contrário será impossível salvar esse canto maravilhoso da Terra", disse Annalena.
Por fim, a Der Spiegel lembra que o acordo de livre comércio entre União Europeia e Mercosul está sendo criticado pela questão ambiental. E afirma que, se o acordo for ratificado, a pressão negativa sobre a Floresta Amazônica vai aumentar.
Sou obrigado a discordar dos colegas alemães em todos esses pontos. Primeiro, porque será mais fácil ter uma atitude colaborativa de proteção da Amazônia se o acordo for ratificado. Segundo, porque boicotes, como já escrevi aqui antes, pouco ou nada contribuem para a solução política de um problema.
A chanceler Angela Merkel vai na mesma linha. Tanto que, desde a reunião do G7 em que Emmanuel Macron tentou colocar o governo brasileiro contra a parede, ela tem se mostrado empenhada em salvar o acordo com o Mercosul. Mas a pressão da opinião pública e da imprensa alemã, como se percebe, vai na direção contrária.
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