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Diogo Schelp

'Diplomatas de Maduro são criminosos', diz embaixadora de Guaidó em Londres

Diogo Schelp

15/06/2019 13h26

Sebin

Manuel Cristopher Figuera e Nicolás Maduro (Foto: Divulgação)

A decisão do presidente Jair Bolsonaro de receber as credenciais de María Teresa Belandria, representante diplomática de Juan Guaidó, o presidente de direito da Venezuela, foi duramente criticada por não ter qualquer efeito prático, apenas simbólico. Afinal, a estrutura diplomática com poder para emitir vistos, etc, está nas mãos do ditador Nicolás Maduro, presidente de fato da Venezuela. Pedi a Vanessa Neumann, escolhida para representar o governo de oposição no Reino Unido, o que ela pensava sobre o fato de a maioria dos países não ter dado o passo que deu Bolsonaro, recebendo oficialmente as credenciais dos embaixadores venezuelanos, mesmo quando reconhecem a legitimidade de Guaidó. A própria Vanessa não foi recebida pela rainha Elizabeth II, como ocorre com todos os embaixadores estrangeiros que se instalam em Londres. A embaixadora de Guaidó no Reino Unido enviou-me a seguinte resposta por escrito:

"Eu acho que os governos que reconhecem Guaidó deveriam receber as credenciais de seus representantes diplomáticos como embaixadores plenos. Para os britânicos, o temor é de que sua embaixada em Caracas seja fechada. E nós da equipe de Guaidó queremos que eles fiquem em Caracas como testemunhas. Além disso, os diplomatas de Maduro são criminosos que usam seus postos para fazer lavagem de dinheiro."

De certa forma, portanto, mesmo para a oposição venezuelana não interessa que Maduro encontre motivos para retaliar as representações diplomáticas de outros países em Caracas. A presença de diplomatas estrangeiros na Venezuela serve de respaldo político, como um dispositivo de segurança, pois eles agem como testemunhas dos desmandos do regime.

Além disso, enquanto as embaixadas estrangeiras estiverem em funcionamento, podem servir para dar refúgio a opositores, como ocorreu com Leopoldo López logo após a fracassada Operação Liberdade, a tentativa de incentivar um levante militar contra Maduro, no dia 30 de abril.

Sobre o Autor

Diogo Schelp é jornalista com 20 anos de experiência. Foi editor executivo da revista VEJA e redator-chefe da ISTOÉ. Durante 14 anos, dedicou-se principalmente à cobertura e à análise de temas internacionais e de diplomacia. Fez reportagens em quase duas dezenas de países. Entre os assuntos investigados nessas viagens destacam-se o endurecimento do regime de Vladimir Putin, na Rússia, o narcotráfico no México, a violência e a crise econômica na Venezuela, o genocídio em Darfur, no Sudão, o radicalismo islâmico na Tunísia e o conflito árabe-israelense. É coautor dos livros “Correspondente de Guerra” (Editora Contexto, com André Liohn) e “No Teto do Mundo” (Editora Leya, com Rodrigo Raineri).

Sobre o Blog

“O que mantém a humanidade viva?”, perguntava-se o dramaturgo alemão Bertolt Brecht. Essa é a pergunta que motiva esse blog a desembaraçar o noticiário internacional – e o nacional, também, quando for pertinente – e a lançar luz sobre fatos e conexões que não receberam a atenção devida. Esse é um blog que quer surpreender, escrito por alguém que gosta de ser surpreendido.