Exemplo chileno mostra que novo AI-5 sairia pela culatra
O ministro da Economia Paulo Guedes não podia estar falando sério. Tanto que uma das jornalistas presentes à entrevista coletiva que ele concedeu nesta segunda-feira (25) em Washington, nos Estados Unidos, questionou: "Isso é uma ironia, ministro?"
A pergunta era pertinente. Afinal, Guedes se contradisse ao rechaçar a hipótese de um novo AI-5, minutos depois de insinuar que estabelecer um regime de exceção para punir opositores, como foi o Ato Institucional n° 5, de 1968, seria uma resposta legítima a manifestações de rua que eventualmente vierem a ser convocadas pelo ex-presidente Lula.
Se o governo Bolsonaro está tão preocupado com a probabilidade de se repetir, no Brasil, o que aconteceu no Chile, com protestos em massa obrigando o presidente a ceder a reivindicações radicais, deveria analisar com mais cuidado o exemplo… do Chile.
Os protestos naquele país começaram como resposta a um aumento no preço do transporte público na capital. A repressão foi tão violenta, porém, que outros setores se rebelaram e aderiram ao movimento de rua.
Na Colômbia, ocorreu algo semelhante: em vez de dissuadir, as medidas de repressão intensificaram a ira popular.
Em nenhum dos dois países, é claro, houve a institucionalização da opressão política, como seria um AI-5.
O fato é que sociedades democráticas como a chilena, a colombiana e a brasileira não aceitam mais se curvar a esse tipo de autoritarismo.
Nem à esquerda, nem à direita. Ou será que alguém acredita que a multidão que foi às ruas de verde e amarelo em 2016 pedindo o impeachment de Dilma Rousseff — com exceção de alguns gatos pingados de calças camufladas em cima de um carro de som — aceitaria perder o direito de levantar sua voz contra quem quer que fosse?
Jair Bolsonaro foi eleito em grande parte por uma massa de eleitores que encontrou nas ruas a caixa de ressonância de sua indignação.
Melhor não mexer com esse direito.
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